O Principio da Vida – Gênesis 1 a 3

Os três primeiros capítulos do texto bíblico merecem muito mais do que uma postagem. Com certeza são centenas e mesmo milhares de livros publicados que tratam desse assunto. Muitos concordam, outros contestam, e há os que tentam fazer crer numa narrativa parabólica, simbólica, tentando harmonizar o relato bíblico com a apregoada visão científica moderna. Bem, analisar argumentos e contra-argumentos não é minha intenção neste texto…nem tampouco ficar analisando naquele tradicional formato de pregação, “veja que maravilha, veja o poder de Deus”…bem, creio não precisar reafirmar no texto minha crença em Deus como um Ser Supremo e Superior, pessoal, onipotente, onipresente, onisciente. Não faz parte da discussão. Mas tenho algumas opiniões sobre esse texto bíblico que podem ser uma alfinetada na grande maioria dos religiosos de plantão, mas a meu ver é crucial na vida religiosa.
Não vou discorrer muito sobre o texto, apenas gostaria de frisar a importância e a implicação de aceita-lo ou rejeita-lo como verdade de um ponto de vista um tanto filosófico.
O texto bíblico apresenta-se como um relato, sendo que o primeiro versículo faz como se fosse um síntese do texto a seguir, como quem anuncia uma manchete em um jornal: “No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas“. (Genesis 1:1, KJA). Em seguida apresenta um relato sem muitos detalhes, muito menos explicações ou argumentos. Narra de maneira breve e bem sucinta um relato da criação em seis dias literais, tendo Deus como agente criativo, envolvido diretamente e fazendo tudo de maneira organizada e funcional, conforme sua vontade.
Neste momento abrir a discussão para o que aconteceu em cada um desses dias dependeria de muito tempo e abarcaria uma quantidade de material imensa, abrindo leque para muitos diferentes e antagônicos pontos de vista. Em suma a Bíblia não participa dessa discussão, restringindo-se a declarar a sequência como sendo verdade e ponto.
Em Gênesis 2 o texto narra a  conclusão da criação (Gênesis 2:1-3, assunto do qual falaremos mais tarde, nas próximas publicações, quando tratarmos de outros textos sobre o tema) e  a seguir reescreve uma parte da criação, sem contradições com o texto completo, fala da criação do  homem e da mulher propriamente,  com mais detalhes, porém ainda aparentando ser pobre em material científico,  mantendo a forma do relato anterior, apenas fazendo a narrativa com sendo verdadeira, sem argumentação ou explicações adicionais.
O capítulo 3 apresenta a história da queda e da origem do pecado e da morte. Também tem muito a ser discutido, mas quero apenas chegar a uma questão.
Esses 3 capítulos do texto da Bíblia precisam ser aceitos como literais: por todas as evidências palpáveis do mundo podemos crer que a “teoria da criação” faz sentido, muito mais sentido do que outras teorias ditas científicas como a evolução, que não passam de hipóteses que a mídia e leigos apresentam como verdade absoluta. É importante ressaltar que a própria comunidade científica, apesar de abrigar uma grande quantidade de evolucionistas, tratam essas ditas teorias como algo hipotético sem comprovação como uma premissa, praticamento da mesma forma que o relato da criação.
Eu afirmei que esses capítulos precisam ser aceitos como literais, principalmente por quem se diz cristão, alguns motivos que vou considerar são:

  • Se o relato da criação não for literal, o cristianismo não faz sentido em absoluto. Se somos frutos de uma evolução guiada por algum deus, ou alienígena então nossa natureza é somente o que somos, e a lei da sobrevivência ou seleção natural apresenta-se como verdade. E se for verdade não temos inclinação para o mal, ou efeito da queda ou do pecado que precise ser restaurado. Somos o que somos e não temos necessidade de Redenção ou Salvação.
  • Se o relato da criação não for literal, tudo o que nos torna humanos desaparece e aparece uma luta desenfreada por manter a vida, mas uma vida desprovida de propósito e isso não condiz com o pensamento cristão. Aliás, isso não condiz com qualquer pensamento religioso. A religião passa a ser tão somente um meio de socialização. Nada mais.
  • Se analisarmos os aspectos desse relato desprovido de idéias pré concebidas e compreendermos seus ensinos sobre a vida e sua origem, teremos um visão correta sobre família e casamento, pecado e virtude, castigo e redenção, além de firmar solidamente o ponto de vista sobre o caráter de Deus e suas leis.
  • “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra…” (Gênesis 2:7 primeira parte, RA) Esse texto mais do que declara a criação do homem como uma história infantil. Ela apresenta verdades fundamentais para o entendimento da vida e propósito humano. Escrito em uma linguagem que crianças compreendem tem a profundidade de extensas e elaboradas teses científicas. O homem foi formada dos elementos da terra, do minerais, moléculas e elementos básicos, arranjados de forma inteligente e funcional, formando cada célula, cada partícula do corpo humano, seus órgãos e sistemas complexos necessários a vida e intelecto humanos. “Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem” (Salmos 139:14, RA).
  •  “…e soprou em suas narinas o fôlego da vida…” (Gênesis 2:7  segunda parte, RA). Enfim, se finalmente conseguíssemos sintetizar e organizar cada célula, cada partícula de DNA e RNA, cada elemento do corpo humano, de forma a possibilizar a vida, ainda não teríamos a capacidade de tornar esse corpo um ser vivo. Essa atribuição pertence somente a Deus. Para quem queira me contrariar, pense na seguinte hipótese: uma pessoa que acabou de sofrer uma morte súbita, por qualquer motivo, em que causa a morte não tenha causado danos sérios aos órgãos, tem toda a condição de continuar vivo, tanto que seus órgãos são retirados e podem salvar a vida de outras pessoas, mas nenhum artifício médico ou científico pode fazer essa pessoa retornar a vida. Talvez até recuperar uma parada cardíaca através de um procedimento rápido. Mas depois que houve a morte, nunca houve e provavelmente nunca haverá um meio de fazer a “máquina” ou corpo retornar a vida.
  •  “…e o homem foi feito alma vivente.” (Gênesis 2:7 terceira parte, RA). O homem passou a ter vida. É um ser vivo. A Bíblia afirma que “foi feito alma vivente”. Não declara nada a respeito da existência de alma ou espírito como algo agregado ao corpo. Aqui cabe um longo estudo bíblico sobre alma. Mas narrativa essencialmente apresenta a verdade sobre a alma: alma como algo anexo ao corpo, como que ocupando-o, não existe, não é real. O ser humano é uma alma, não a possui. De forma que quando ocorre a morte, ocorre a cessação da vida: a alma deixa de existir. Não vai a lugar algum. Simplesmente não existe mais. Existe apenas um corpo, uma máquina que nunca mais poderá retornar a vida sem a interferência divina e que logo entrará em decomposição natural.
  • Se a verdade sobre esse único verso citado (Gênesis 2:7) for aceita, muito do imaginário religioso se modifica e a ciência que estuda o ser vivo dessa mesma forma passa ter uma convivência bem mais pacífica com a religião.

Creio que muitas pessoas crescem em meios religiosos impregnados de superstições principalmente ao tratar da questão de alma e vida pós-morte. Ao chegar no ensino médio e posteriormente no ensino superior descobrem cientificamente  se tratar de muita ladainha e nada faz sentido. Abandonam assim a crença e consequentemente passam a caminhar por um perigosos caminho de tentar conciliar partes da religião como algo significativo e outras partes como alegorias e fábulas. Uma boa parte chega a uma negação total do sentimento religioso e mesmo uma aversão a religiosidade.

Afirmo, de maneira conclusiva, que toda perspectiva real para uma conciliação do visão científica com a religiosa depende da aceitação da narrativa dos três primeiros capítulos da Bíblia como literais e reais. Esse ensino, em profundidade nas igrejas pode propiciar uma nova perspectiva de mundo nos jovens, evitando seu desapontamento e descrença ao chegar nas universidades.
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