Estágio de Licenciatura em Filosofia

1   INTRODUÇÃO

O presente relatório apresenta as experiências e reflexões desenvolvidas durante o Estágio Supervisionado I do curso de Licenciatura em Filosofia, realizado no Colégio Estadual do Campo Ana Schelbauer Braz de Oliveira, em Rio Negro/PR. O estágio foi orientado pela professora Maria Jocelia Barão e teve como objetivo proporcionar uma vivência concreta do ambiente escolar e das práticas docentes no Ensino Médio, com foco na disciplina de Filosofia.

A observação sistemática, a participação colaborativa e a prática de docência possibilitaram a articulação entre a formação teórica e a realidade escolar, além do desenvolvimento de habilidades pedagógicas e reflexivas fundamentais à atuação docente. Este relatório expõe as etapas do estágio, com destaque para os aspectos institucionais, observacionais, práticos e humanos vivenciados no contexto escolar.

É importante salientar que, no processo de elaboração e organização deste relatório, foram utilizadas ferramentas de inteligência artificial generativa (Gemini) para auxiliar na estruturação de ideias e na otimização da linguagem. Contudo, todo o conteúdo conceitual, a análise crítica e a reflexão sobre a experiência do estágio são de inteira responsabilidade do autor, que realizou a pesquisa, a verificação e a validação das informações apresentadas.

2  REFERENCIAL TEÓRICO

A prática do estágio supervisionado nas licenciaturas é fundamental para a formação docente, pois permite ao futuro professor vivenciar a realidade escolar, refletir sobre sua prática e construir sua identidade profissional. Pimenta e Lima (2012) destacam que o estágio é um momento privilegiado de articulação entre teoria e prática, possibilitando ao licenciando compreender as complexidades do ambiente escolar e desenvolver competências pedagógicas essenciais. Essa aproximação entre os saberes acadêmicos e os saberes da prática constitui um elemento indispensável para a superação de desafios cotidianamente enfrentados na sala de aula, sobretudo em contextos marcados por especificidades regionais, como as escolas do campo.

Embora o presente trabalho priorize referências bibliográficas com publicações mais recentes, buscou-se também incluir obras anteriores ao período recomendado. A decisão de incorporar essas fontes mais antigas justifica-se pela sua importância seminal e conceitual para o campo da Filosofia/Sociologia, fornecendo uma base teórica sólida e um contexto histórico essencial para a compreensão dos temas abordados no estágio. Tais obras, apesar de não serem contemporâneas, são cruciais para a fundamentação e o aprofundamento da discussão, permitindo uma análise mais completa e historicamente embasada.

No contexto do ensino médio, a presença da Filosofia torna-se crucial para o desenvolvimento do pensamento crítico e da autonomia intelectual dos estudantes. A disciplina não se limita à transmissão de um acervo de conhecimentos, mas propicia aos alunos a oportunidade de questionar, argumentar e refletir profundamente sobre questões fundamentais da existência humana e da sociedade. Severino (2011) defende que o ensino de Filosofia deve ser abordado de forma interdisciplinar, integrando-se ao restante do currículo escolar para contribuir na formação integral dos estudantes e para a construção de uma consciência crítica que transcenda as limitações do ensino tradicional.

Além disso, autores recentes têm enfatizado a relevância dessa integração. Almeida et al. (2020) ressaltam, em extensa reflexão, que:

“A filosofia tem um sério compromisso e possibilidade de contribuir, significativamente, para a formação dos jovens estudantes do ensino médio. Essa contribuição da filosofia, como responsabilidade parcial da educação, não se resume, obviamente, no domínio de um acervo de conteúdos informativos e de determinadas habilidades. Não é uma erudição escolaresca, é uma forma de apreensão e vivência da própria condição humana, é o amadurecimento de uma experiência à altura da dignidade dessa condição, experiência a partir da qual as pessoas possam conduzir sua existência histórica. Nesse sentido, a prática filosófica, quando integrada ao cotidiano escolar, torna-se um instrumento de transformação, que desafia os alunos a transcenderem a visão meramente técnica do conhecimento e a se engajarem em processos de autoconhecimento, crítica e reconstrução de valores.” (ALMEIDA et al., 2020, p. 137-139)

Essa perspectiva evidencia que o ensino da Filosofia vai além de um conteúdo curricular isolado e se configura como uma prática educativa capaz de promover uma profunda mudança na maneira de pensar e de viver dos estudantes, sobretudo quando essa prática dialoga com a realidade dos sujeitos, como acontece nas escolas do campo.

A prática docente no campo da Filosofia deve estar ancorada em referenciais teóricos consistentes, que orientem a ação pedagógica e possibilitem a formação integral do educando. Nesse sentido, o estágio supervisionado é não apenas uma exigência curricular, mas uma oportunidade privilegiada de articulação entre teoria e prática, permitindo que o futuro docente compreenda a complexidade do ato de educar em sua dimensão ética, política, cultural e filosófica.

A Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018) estabelece que o ensino médio deve garantir o desenvolvimento de competências gerais que envolvem a capacidade de argumentar, refletir, tomar decisões éticas e exercer a cidadania. Essas competências dialogam diretamente com os objetivos do ensino de Filosofia. Segundo Gallo (2004), a tarefa do professor não é transmitir doutrinas, mas “criar condições para que o estudante aprenda a pensar filosoficamente, a partir das questões que ele mesmo formula, em sua experiência existencial e social”.

Rocha (2022) aprofunda esse aspecto ao afirmar que:

“A Filosofia no ensino médio não pode ser reduzida a uma narrativa histórica de ideias. Ela deve funcionar como uma mediação cultural, aproximando os jovens do exercício do pensamento reflexivo, da leitura crítica do mundo e da produção de sentido sobre a própria existência. O professor de Filosofia é, assim, um mediador de mundos possíveis” (ROCHA, 2022, p. 47).

Essa dimensão formativa é especialmente importante em contextos de vulnerabilidade social, como é o caso das escolas do campo. A Filosofia oferece aos estudantes um espaço de resistência simbólica, ao lhes permitir pensar sobre sua condição histórica, suas experiências e os desafios de sua comunidade. Ribeiro (2020) ressalta que “a prática filosófica em sala de aula torna-se uma das poucas possibilidades de romper com o determinismo social, ao propor a reconstrução de sentidos a partir da linguagem e da escuta crítica”.

A ação docente exige planejamento constante, flexível e sensível ao contexto. Libâneo (2013) lembra que o planejamento é uma atividade intelectual que organiza as intenções e os meios, mas que deve estar aberto à imprevisibilidade da relação pedagógica. Freire (1996), por sua vez, insiste que o planejamento é um “ato de responsabilidade” e deve estar a serviço da libertação, e não da reprodução de estruturas opressoras. Em consonância com essa perspectiva, Silva e Andrade (2021), em pesquisa sobre práticas filosóficas em escolas públicas, concluíram que:

“A efetividade do ensino de Filosofia depende não apenas de conteúdos e metodologias, mas, sobretudo, da postura do educador diante da palavra e do diálogo. O professor que escuta, que permite o pensamento divergente e que reconhece a pluralidade da turma realiza uma prática política em essência” (SILVA; ANDRADE, 2021, p. 88).

A experiência da regência também permitiu aproximar elementos da Filosofia clássica — como o Logos e o inamovível movedor aristotélico — de conteúdos presentes nos escritos cristãos do primeiro século. Essa intersecção entre Filosofia e espiritualidade favorece uma educação integral, sem proselitismo, mas com abertura ao sentido e à transcendência. Ellen G. White (2008), em sua obra Educação, escreve:

“A verdadeira educação significa mais do que seguir um determinado curso de estudos. É mais do que uma preparação para a vida presente. Ela abrange o ser todo e todo o período da existência possível ao ser humano. É o desenvolvimento harmônico das faculdades físicas, mentais e espirituais” (WHITE, 2008, p. 13).

Essa concepção encontra eco em autores contemporâneos como Garcia (2019), que argumenta que “a espiritualidade no contexto escolar não se reduz à religião, mas constitui uma abertura à transcendência, ao sentido e à escuta interior, e pode ser trabalhada criticamente por meio da Filosofia, sem perder seu rigor conceitual”.

Chauí (2000) descreve o professor de Filosofia como um “provocador de ideias”, alguém que desafia o senso comum e propõe a reflexão crítica. Saviani (2008) afirma que a educação filosófica deve partir da realidade concreta do educando, levando-o a compreender a historicidade do conhecimento e de sua própria existência. Esses autores clássicos são complementados por novas vozes que reforçam o papel ativo do professor como formador ético. Mendes (2023), por exemplo, defende que “a docência filosófica é uma prática de resistência, não no sentido de negar o sistema, mas de criar brechas para o pensamento e para o questionamento daquilo que se naturalizou como verdade”.

No contexto da educação do campo, essa postura se torna ainda mais necessária. Como defende Caldart (2016), a escola do campo deve ser um espaço de luta simbólica e cultural, onde a educação se constrói com base nas práticas sociais, na oralidade e na história das populações camponesas.

A relação entre Filosofia e outras áreas do saber enriquece o processo educativo ao promover uma formação transdisciplinar. Edgar Morin (2001) enfatiza a importância de se reconhecer que o conhecimento é intrinsecamente complexo, e que a integração de diferentes saberes é indispensável para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo. Ao problematizar os fundamentos científicos e éticos das ações humanas, a Filosofia fornece ferramentas para que os estudantes desenvolvam uma inteligência crítica e sistêmica que se reflete em todas as áreas do conhecimento. Luckesi (2002) aponta que a função articuladora da Filosofia no currículo escolar é um caminho para a superação do ensino segmentado, possibilitando a construção de relações significativas entre os diversos campos do saber e promovendo uma educação que valoriza tanto o “saber-fazer” quanto o “saber-ser”.

Essa abordagem integradora torna-se ainda mais relevante em contextos específicos como o das escolas do campo. Esses ambientes são, muitas vezes, caracterizados por desafios históricos e estruturais que os distinguem do modelo urbano predominante. Arroyo (2012) ressalta que a educação nas zonas rurais deve partir das especificidades dos sujeitos que a vivenciam, valorizando as práticas culturais, os modos de produção e as tradições locais. Segundo ele:

“O campo, com suas singularidades e modos próprios de organização social, impõe uma necessidade de uma educação que não apenas reconheça, mas valorize os saberes tradicionais, promovendo a identidade e a autoestima dos jovens. A escola do campo, portanto, deve ser concebida como um espaço de resistência e de transformação, onde a integração entre o saber acadêmico e o conhecimento popular se torna uma ferramenta para a emancipação e para o desenvolvimento autônomo dos sujeitos. Essa articulação entre culturas e saberes constitui não somente uma estratégia pedagógica, mas um ato político de afirmação e reconhecimento da diversidade.” (ARROYO, 2012, p. 50-52)

A experiência do estágio em uma escola do campo permite ao licenciando vivenciar essas especificidades, contribuindo para a construção de práticas pedagógicas que respeitem e valorizem a cultura camponesa. Essa vivência transforma a prática docente ao desconstruir concepções urbanocêntricas do ensino e ao incentivar o desenvolvimento de uma educação verdadeiramente contextualizada e participativa. Caldart (2011) reforça essa ideia ao afirmar que a escola do campo deve ser “uma escola do campo”, ou seja, comprometida com as realidades e lutas dos sujeitos camponeses, promovendo uma educação que contribua para a sua emancipação e para o fortalecimento de sua identidade cultural.

Outro aspecto relevante que permeia tanto a prática do estágio quanto a inserção da Filosofia no ensino médio diz respeito à relação entre a disciplina e as crenças religiosas. A Filosofia, ao promover o questionamento e a argumentação, não procura destruir a fé, mas sim instigar uma reflexão que permita aos estudantes compreenderem as raízes históricas, culturais e éticas das crenças que os cercam. Sartre (1943) expõe que “o homem está condenado à liberdade”, enfatizando a responsabilidade do indivíduo em escolher e justificar suas ações – uma premissa que se aplica também ao campo das convicções religiosas. Essa liberdade de pensamento é um valor fundamental tanto na prática filosófica quanto na educação, pois possibilita um diálogo aberto que respeita a diversidade sem cair no relativismo absoluto.

O respeito à diversidade de crenças, entretanto, não significa a neutralidade frente às questões éticas e espirituais, mas sim a promoção de um ambiente de discussão crítica e de troca de experiências. Ellen G. White (2008) ressalta que “a verdadeira educação não ignora os aspectos religiosos da vida, mas ensina o aluno a pensar por si mesmo, a distinguir o certo do errado e a escolher o bem”. Essa orientação é vital em contextos como as escolas do campo, onde as tradições religiosas muitas vezes se entrelaçam com a identidade cultural dos estudantes, exigindo do educador uma postura de escuta, mediação e incentivo ao debate construtivo.

Mais recentemente, diversos estudos têm explorado os impactos da Filosofia no fortalecimento da cidadania e na promoção da justiça social no ambiente escolar. Viviane Rocha (2020), em sua pesquisa sobre práticas filosóficas em escolas rurais, destaca de maneira contundente o potencial transformador da Filosofia. Segundo Rocha:

“A presença da Filosofia nas escolas do campo emerge como uma resposta poderosa à necessidade de se construir uma identidade crítica e reflexiva em meio a um cenário de exclusão e vulnerabilidade social. Ao permitir que os estudantes se apropriem dos conceitos e métodos de análise filosófica, cria-se um espaço de resistência em que as práticas cotidianas de desvalorização e estigmatização podem ser contestadas e transformadas. O ensino da Filosofia, portanto, não se limita à reprodução de conteúdos, mas envolve a promoção de um processo de subjetivação que confere aos alunos a capacidade de questionar as estruturas de poder e reivindicar seus direitos, contribuindo assim para o fortalecimento de uma consciência cidadã e para a efetivação de uma educação verdadeiramente emancipatória.” (ROCHA, 2020, p. 72-75)

Essas reflexões apontam para a importância de o estágio supervisionado não apenas funcionar como um momento de prática, mas como um laboratório para a transformação social por meio da educação. Ao atuar em ambientes desafiadores, como as escolas do campo, o estagiário tem a oportunidade de desenvolver estratégias pedagógicas inovadoras que respondam à realidade dos alunos e promovam uma educação que valorize tanto o saber acadêmico quanto os saberes locais e populares.

Outro aspecto que merece destaque é a forma como o estágio contribui para o desenvolvimento de uma prática docente reflexiva. Martins (2019) argumenta que o estágio deve ser considerado um espaço privilegiado para a construção do conhecimento pedagógico, onde os futuros professores podem experimentar, errar, acerto e aprender a partir de suas próprias vivências na escola. Martins explica:

“A experiência do estágio supervisionado é, para muitos licenciandos, a primeira imersão real no complexo universo escolar, onde a teoria muitas vezes se mostra insuficiente para explicar as nuances da prática. É nesse espaço que o futuro professor se depara com desafios imprevistos, que exigem soluções criativas e, sobretudo, uma postura ética e reflexiva. A partir dessa prática, desenvolve-se uma compreensão mais profunda do papel do educador, que vai além do simples repasse de informações e se aprofunda no entendimento das dinâmicas sociais, culturais e emocionais presentes no ambiente escolar. Assim, o estágio se configura como uma formação integral, na qual o saber-fazer se articula com o saber-ser, moldando a identidade profissional do docente de maneira singular e irrepetível.” (MARTINS, 2019, p. 98-102)

Esse depoimento ressalta a dimensão transformadora do estágio, não apenas como um requisito curricular, mas como um verdadeiro campo de experimentação e produção de conhecimento, onde a prática pedagógica se articula com a reflexão crítica e com o compromisso ético de promover uma educação inclusiva e contextualizada.

A educação, sobretudo em ambientes de vulnerabilidade, como as escolas do campo, exige um olhar atento às múltiplas dimensões que compõem a experiência dos alunos. O estágio supervisionado torna-se, nesse sentido, um espaço privilegiado para o encontro entre a teoria e a prática, onde a Filosofia assume um papel central não apenas na formação do pensamento, mas também na promoção de uma pedagogia comprometida com a transformação social. Essa transformação passa pelo reconhecimento da diversidade de saberes e pela valorização da cultura local, criando condições para que a escola se torne um agente ativo na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.

Portanto, a prática do estágio supervisionado em Filosofia cumpre uma função duplamente formativa: por um lado, fortalece a identidade e as competências do professor em formação; por outro, contribui para a construção de uma educação que valorize a criticidade, o diálogo e a integração dos saberes. Essa formação, ancorada em referências clássicas e atualizadas, revela-se especialmente pertinente em contextos como os das escolas do campo, onde a riqueza dos saberes locais pode e deve dialogar com os desafios da modernidade.

Em síntese, o estágio supervisionado configura-se como uma etapa indispensável para o desenvolvimento de uma prática pedagógica inovadora e sensível às realidades diversas dos estudantes. Ele possibilita que o futuro professor se aproprie dos saberes teóricos e os transforme em práticas significativas, estabelecendo pontes entre o conhecimento acadêmico e a experiência vivida. Com base em autores consagrados e em pesquisas recentes, é possível afirmar que a integração entre a Filosofia e a realidade escolar – sobretudo em ambientes do campo – é um caminho promissor para a construção de uma educação crítica, emancipatória e verdadeiramente transformadora.

CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

Colégio Estadual do Campo Ana Schelbauer Braz de Oliveira, localizado à Estrada Darci de Oliveira Braz Sn, Fazendinha, CEP: 83889-974, Rio Negro, PR. 

Email da escola: [email protected], [email protected]

Telefone com DDD: 47 996404714

Nome da diretora da Escola: Rozeli Paes Ribeiro

Níveis/etapas de Ensino da Escola e seus turnos: Ensino Fundamental 2 no matutino e Ensino Médio no período noturno.

Número de alunos da Escola: 145

Nível socioeconômico dos alunos: baixo, médio baixo e médio.

Número de alunos com inclusão na Escola: 5.

Período de realização do estágio: 06 de março de 2025 a 10 de junho de 2025.

A Escola Estadual do Campo Ana Schelbauer Braz de Oliveira adota uma concepção pedagógica que valoriza a educação do campo, focando nas realidades locais e nos princípios da educação pública de qualidade. Sua filosofia e cultura são colaborativas e voltadas para a formação ética e cidadã, buscando a emancipação e o fortalecimento da identidade cultural das populações camponesas. O professor é visto como um mediador e “provocador de ideias” que promove a reflexão crítica e o diálogo, partindo da realidade do aluno. O aluno, por sua vez, é incentivado a desenvolver o pensamento crítico e a autonomia intelectual, questionando estruturas de poder e reivindicando direitos, o que contribui para uma educação emancipatória.

DESCRIÇÃO DA CLIENTELA ESCOLAR

Nome do/a Diretor/a: (ao iniciar): Jucemar Antonio Andreatta

(ao final): Rozeli Paes Ribeiro

Nome do/a Coordenador/a Pedagógica da Escola: Regina Mendes

Numero de alunos no turno no qual irá estagiar: 71

Número de professores/as da Escola: 25

Número de funcionários da Escola: 10

Titulação e tempo de formação da/o professor/a da turma que você irá estagiar: Licenciatura Plena em Filosofia

Número de alunos na sala que irá estagiar: 16

Número de alunos de inclusão na turma que ira estagiar: 2

Participação dos alunos nas aulas: 15.

A formação do/a professor/a é compatível com a etapa de ensino que está atuando: sim

Pontos positivos e negativos da atuação profissional da/o regente de turma: o professor atua seguindo o cronograma estabelecido pelo estado e as aulas acontecem de forma dinâmica e interativa. As aulas são apresentadas em slides (google apresentações) utilizando os recursos oferecidos pelo estado. Há um bom nível de interesse e a participação e envolvimento dos alunos é boa e respeitosa.

DESCRIÇÃO DOS AMBIENTES ESCOLARES

O Colégio Estadual do Campo Ana Schelbauer Braz de Oliveira está localizado na localidade de Fazendinha, zona rural do município de Rio Negro/PR, nas proximidades da cidade da Lapa. A escola está inserida em um contexto de comunidade agrícola, com forte ligação com a terra e com os valores da vida no campo. Essa realidade influencia diretamente os vínculos entre alunos, professores e famílias, fortalecendo o sentimento de pertencimento à escola.

A instituição atende aos anos finais do Ensino Fundamental no período matutino e ao Ensino Médio no período noturno, atendendo uma clientela composta majoritariamente por adolescentes e jovens da área rural. Além disso, a escola compartilha sua estrutura física com a Escola Municipal de Educação Fundamental João Braz de Oliveira, que oferta Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental no período vespertino, caracterizando uma gestão compartilhada do espaço escolar.

A infraestrutura é simples, mas funcional, com salas de aula adequadas, refeitório, biblioteca, sala de recursos, pátio coberto e quadra esportiva. A proposta pedagógica da escola está pautada na valorização da educação do campo, com atenção às realidades e às especificidades locais, sem perder de vista os princípios universais da educação pública de qualidade.

A equipe é composta por profissionais experientes, muitos deles vinculados há anos à comunidade escolar. O ambiente é colaborativo e centrado na formação ética e cidadã dos estudantes. A figura do diretor Jucemar Antônio Andreatta, que esteve à frente da escola por 21 anos, foi essencial na construção dessa identidade institucional.

A escola conta com uma infraestrutura funcional e tecnologicamente atualizada, composta por:

  • 4 salas de aula, todas com acesso à internet, dispositivos de projeção e o sistema Educatron, fornecido pelo Estado do Paraná;
  • 2 salas multiuso, utilizadas para reuniões, oficinas e aulas de reforço;
  • Quadra coberta, utilizada para atividades físicas e eventos escolares;
  • Biblioteca, com acervo limitado, porém funcional, que também abriga um laboratório de informática;
  • O laboratório contém 18 computadores modernos e funcionais, 16 notebooks de alto desempenho, 4 Chromebooks e 16 tablets, todos disponíveis para uso geral por professores e alunos;
  • Refeitório e cozinha, que atendem às necessidades alimentares dos estudantes durante o período de aula;
  • Secretaria escolar, onde são realizados os atendimentos administrativos e pedagógicos.

A equipe gestora, pedagógica e docente é composta por profissionais comprometidos com a missão da escola e sua inserção social na realidade do campo. A escola se destacou por manter uma organização sólida e uma atuação marcada pelo diálogo, mesmo diante dos desafios enfrentados, como as perdas recentes da secretária Edina Cristiani Haide Braz e do diretor Jucemar Antônio Andreatta, figuras centrais na trajetória institucional.

A escola participa ativamente do Projeto PISA (Programa de Internacional de Avaliação de Estudantes), sendo a pedagoga Liliana do Rocio a responsável local pelo programa. A equipe pedagógica é composta pela atual secretária Rozeli Paes Ribeiro, e pelas pedagogas Regina Mendes (Ensino Fundamental – Anos Finais) e Lia (Ensino Médio). A equipe é completada por 25 professores de diversas disciplinas e 6 funcionários, responsáveis pelos serviços de cozinha, zeladoria e secretaria.

Atualmente, a escola possui 7 turmas, com um total de 138 alunos matriculados, sendo 3 turmas e 71 alunos no Ensino Médio. A maioria dos estudantes depende do transporte escolar fornecido pela prefeitura municipal.

Do ponto de vista socioeconômico, a maioria dos alunos pertence a famílias de baixa renda. Apenas uma minoria é proprietária de terras e praticante da agricultura familiar, e, nesses casos, geralmente apresentam melhor estrutura financeira. A maior parte vive em residências simples ou precárias, em pequenas propriedades, e os pais trabalham em madeireiras ou fazendas, cujos donos normalmente não residem na comunidade.

Há um número expressivo de alunos de descendência indígena, embora sem a manutenção significativa dos traços culturais originários. A comunidade enfrenta índices elevados de criminalidade e é comum o uso de substâncias ilegais por parte de adolescentes e adultos.

Em relação à religiosidade, a escola reflete um cenário de pluralidade e sincretismo religioso. A maior parte dos alunos e suas famílias se identificam como católicos, mas muitos integram crenças e práticas oriundas do candomblé, umbanda e outras formas de religiosidade popular. Também é significativo o número de evangélicos pentecostais entre os alunos e professores.

Esse retrato revela a complexidade e a riqueza do contexto em que a escola está inserida, ao mesmo tempo em que destaca os desafios enfrentados para uma educação pública de qualidade e transformadora.

DESCRIÇÃO DO PERÍODO DE OBSERVAÇÃO

O período de observação no Colégio Estadual do Campo Ana Schelbauer Braz de Oliveira proporcionou um contato direto com a realidade cotidiana da escola e com os desafios enfrentados por sua equipe pedagógica. Acompanhando as aulas de Filosofia e participando da rotina escolar, foi possível identificar tanto as potencialidades da prática docente quanto os obstáculos enfrentados pela comunidade escolar.

Durante as semanas de observação, as aulas de Filosofia evidenciaram-se como espaços de diálogo e reflexão. O(a) professor(a) responsável buscava integrar os conteúdos filosóficos com temas da atualidade e questões vivenciadas pelos próprios alunos. Temas como ética, morte, sentido da vida, liberdade e justiça foram tratados com sensibilidade e profundidade, despertando o interesse e a participação da turma.

No entanto, esse período também foi marcado por acontecimentos profundamente tristes e que abalaram emocionalmente toda a comunidade escolar. No dia 21 de março de 2025, a escola recebeu a notícia do falecimento da secretária da escola e mãe de uma aluna, Edina Cristiani Haide Braz, que vinha enfrentando uma dura batalha contra o câncer. Edina era uma figura querida por todos, sempre atenciosa e prestativa no cotidiano escolar.

Pouco tempo depois, no dia 18 de abril de 2025, durante a Sexta-feira Santa, a escola foi novamente abalada pela inesperada morte do senhor Jucemar Antônio Andreatta, professor há 30 anos e diretor da escola há 21. Ele foi vítima de um infarto fulminante, deixando uma profunda comoção entre alunos, professores e toda a comunidade.

Essas perdas mobilizaram a escola em torno de homenagens, momentos de silêncio e atividades de luto coletivo. Embora profundamente dolorosos, esses acontecimentos também geraram uma série de reflexões filosóficas espontâneas, tanto em sala de aula quanto em conversas informais. Questões existenciais, como a finitude da vida, o sofrimento, o legado deixado pelas pessoas, a solidariedade e o sentido da existência, emergiram com naturalidade no discurso de professores e estudantes.

Muitos alunos demonstraram sensibilidade ao se questionarem sobre a brevidade da vida e a importância das relações humanas. O conteúdo filosófico, nesse contexto, revelou-se ainda mais significativo, pois ofereceu ferramentas conceituais para compreender e elaborar o luto coletivo. A escola, apesar da dor, demonstrou grande força comunitária, o que também revelou o papel afetivo e ético da instituição educativa no amparo e formação humana dos sujeitos.

Esses episódios possibilitaram uma vivência singular do estágio, ao demonstrar como o ensino filosófico pode dialogar com experiências reais e dolorosas, acolhendo o sofrimento e transformando-o em reflexão. A escola, mesmo abalada, demonstrou grande resiliência e espírito coletivo, reafirmando seu papel como espaço de formação integral dos sujeitos.

A prática de docência supervisionada foi realizada após o período de observação, sob a orientação da professora titular Maria Jocelia Barão. A proposta pedagógica da regência foi centrada na articulação entre conceitos da Filosofia Clássica e suas ressonâncias no pensamento religioso ocidental, com destaque para o cristianismo do primeiro século.

O tema central trabalhado com os alunos foi a discussão sobre o conceito de Logos e do inamovível movedor (motor) na Filosofia Clássica, especialmente nas obras de Heráclito, Platão e Aristóteles. A abordagem explorou como essas noções metafísicas e ontológicas influenciaram os escritos bíblicos cristãos, particularmente o prólogo do Evangelho de João, que identifica o Logos com a encarnação divina na figura de Cristo.

As aulas foram estruturadas para promover um diálogo entre razão filosófica e fé religiosa, respeitando as diversas cosmovisões dos estudantes. A metodologia adotada envolveu leitura orientada de excertos filosóficos e textos bíblicos, exposição dialogada, debates em grupo e atividades de escrita reflexiva.

A resposta dos alunos foi altamente positiva. Muitos demonstraram entusiasmo em relacionar conteúdos filosóficos com suas experiências e convicções religiosas, ampliando seu repertório intelectual e espiritual. A prática docente se revelou uma experiência formativa tanto para os alunos quanto para o estagiário, ao unir rigor conceitual e sensibilidade pedagógica na mediação entre saberes filosóficos e religiosos.

MODELO DE PLANO DE AULA ESTAGIÁRIA/O:
OBJETIVO GERAL: Promover a compreensão e a reflexão crítica sobre a intersecção entre conceitos da Filosofia Clássica e o pensamento religioso ocidental, com foco na formação integral e dialógica dos estudantes.OBJETIVO ESPECÍFICO:  Compreender os conceitos de Logos e do inamovível movedor (motor) na Filosofia Clássica, segundo Heráclito, Platão e Aristóteles.Analisar a influência dessas noções filosóficas nos escritos bíblicos cristãos, especificamente no prólogo do Evangelho de João.Debater a relação entre razão filosófica e fé religiosa, exercitando o respeito às diferentes cosmovisões.Desenvolver a capacidade de articular o pensamento filosófico com experiências pessoais e convicções, por meio da escrita reflexiva.
TEMA: Filosofia Clássica e Pensamento Religioso Ocidental: O Logos e o Inamovível Movedor.
SUB-TEMA:  A influência de Heráclito, Platão e Aristóteles nos escritos cristãos do primeiro século.
TEMPO DE AULA: 8 aulas, sendo 1 por semana, 50 min por aula.
METODOLOGIA:  Exposição dialogada: Apresentação dos conceitos de Logos e inamovível movedor, estimulando a participação dos alunos.Leitura orientada: Leitura e análise de excertos filosóficos (Heráclito, Platão, Aristóteles) e do prólogo do Evangelho de João, com direcionamento do professor.Debate em grupo: Discussão sobre a relação entre razão e fé, e a aplicação dos conceitos estudados na vida cotidiana dos alunos.Atividade de escrita reflexiva: Produção de um texto breve pelos alunos, conectando os temas da aula às suas reflexões pessoais.
RECURSOS MATERIAIS: Quadro e giz/caneta, textos impressos e projetados com excertos de Heráclito, Platão, Aristóteles e do Evangelho de João (prólogo), notebook/computador e projeção em tela (educatron), canetas cadernos e papel para a atividade de escrita.
AVALIAÇÃO: A avaliação será contínua e formativa, observando:A participação ativa dos alunos nos debates e discussões em sala.A compreensão dos conceitos filosóficos e sua relação com o pensamento religioso, verificada nas intervenções orais.A capacidade de expressar ideias e reflexões na atividade de escrita.O respeito e a escuta às diferentes perspectivas apresentadas pelos colegas.
BIBLIOGRAFIA:ALMEIDA, Paulo Nogueira de et al. Filosofia e formação humana: contribuições para o ensino médio. Campinas: Papirus, 2020.ANDRADE, L. P.; SILVA, J. F. Filosofia e formação cidadã: experiências em sala de aula. Revista InterAção, v. 26, n. 1, p. 75–93, 2021.ARISTÓTELES. Metafísica. Tradução de Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2012.ARROYO, Miguel. Ofício de mestre: imagens e autoimagens. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.BÍBLIA SAGRADA. João. Tradução João Ferreira de Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, (1990).BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018.CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 17. ed. São Paulo: Ática, 2000.GALLO, S. Filosofia no Ensino Médio: desafios e possibilidades. Campinas: Papirus, 2004.HERÁCLITO DE ÉFESO. Fragmentos. Tradução e notas de José Cavalcante de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Coleção Os Pensadores).ROCHA, Viviane S. Filosofia e cidadania nas escolas do campo: práticas educativas em comunidades rurais do Sul do Brasil. Cadernos de Educação do Campo, v. 5, n. 1, p. 65–80, 2020.PLATÃO. A República. Tradução de Anna Lia Amaral de Almeida Prado. São Paulo: Martins Fontes, 2006.SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica. Tradução: Paulo Perdigão. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.SEVERINO, Antônio Joaquim. Filosofia da educação: construção histórica e teórica. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2011.SILVA, J. F.; ANDRADE, L. P. Filosofia e formação cidadã: experiências em sala de aula. Revista InterAção, v. 26, n. 1, p. 75–93, 2021.WHITE, Ellen G. Educação. 3. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2008.

DESCRIÇÃO DETALHADA DAS AULAS 


DESCRIÇÃO DA AULA 01 Parte inicial:Boas-vindas e Introdução à Filosofia e ao Logos em Heráclito (10 minutos): Iniciar a aula cumprimentando os alunos e apresentando o tema geral do módulo: “Filosofia Clássica e Pensamento Religioso Ocidental: O Logos e o Inamovível Movedor”. Destacar a importância de se pensar a relação entre razão e fé e como a Filosofia pode nos ajudar a compreender diferentes perspectivas sobre a existência e o universo. Fazer uma breve contextualização da importância da Filosofia na vida do aluno e na compreensão de sua própria cosmovisão.Sondagem de Conhecimentos Prévios (10 minutos): Propor perguntas disparadoras como: “O que vocês entendem por ‘razão’ e ‘fé’? Existe alguma relação entre elas?” ou “Vocês já pararam para pensar sobre a origem do universo ou de onde vem o movimento das coisas?”. Abrir um espaço para que os alunos compartilhem suas primeiras ideias e associações, anotando as palavras-chave no quadro.Parte principal:Introdução ao Conceito de Logos em Heráclito (20 minutos): Iniciar a exposição sobre o conceito de Logos na Filosofia Pré-Socrática, apresentando as ideias de Heráclito sobre a razão universal que governa o cosmos (o fogo como princípio ordenador, a ideia de devir e a unidade dos contrários). Utilizar excertos curtos dos fragmentos de Heráclito para ilustrar os conceitos (ex: “O Logos é comum a todos, mas os homens vivem como se tivessem uma compreensão particular”).Discussão Dirigida (15 minutos): Promover uma discussão sobre a relevância do Logos de Heráclito para a compreensão da ordem do universo e a nossa própria vida. Incentivar perguntas e esclarecer dúvidas sobre a ideia de uma razão universal presente em tudo.Parte final:Debate Inicial e Atividade Reflexiva (15 minutos): Abrir para a turma as considerações finais sobre o Logos de Heráclito. Propor uma atividade de escrita breve: “O que você entende por ‘Logos’ a partir da perspectiva de Heráclito e como essa ideia se relaciona com a busca por uma ordem no mundo?”.Recapitulando e Próximos Passos (5 minutos): Fazer um breve resumo dos principais conceitos abordados na aula (Logos, devir, ordem). Agradecer a participação dos alunos e anunciar que na próxima aula aprofundaremos a relação entre razão e verdade com Platão.DESCRIÇÃO DA AULA 02Parte inicial:Retomada e Conexão (10 minutos): Iniciar a aula retomando o conceito de Logos de Heráclito e a ideia de uma ordem universal. Apresentar Platão como um filósofo que também buscou compreender a verdade e a realidade, mas por outro caminho.Sondagem sobre “Verdade” e “Realidade” (10 minutos): Perguntar aos alunos: “O que é a verdade para vocês? Ela é algo que muda ou é imutável?”. “O que é mais real: o que vemos ou o que pensamos?”.Parte principal:Exposição sobre o Mundo das Ideias de Platão (20 minutos): Apresentar a Teoria das Ideias (ou Formas) de Platão, explicando a dualidade entre o mundo sensível (aparências) e o mundo inteligível (Ideias perfeitas e imutáveis). Discutir como a razão (Logos) nos permite acessar o mundo das Ideias e alcançar o verdadeiro conhecimento. Fazer referências breves ao Mito da Caverna.A Alma e o Conhecimento (15 minutos): Abordar o papel da alma para Platão na apreensão do conhecimento, explicando que a alma “lembra” das Ideias que conheceu antes de encarnar. Discutir a hierarquia das Ideias, com a Ideia do Bem no topo.Parte final:Debate Comparativo (15 minutos): Promover um debate comparando a visão de “ordem” e “verdade” em Heráclito (devir constante) e Platão (eternidade das Ideias). “O que permanece e o que muda na busca pelo conhecimento?”.Atividade de Escrita Reflexiva (15 minutos): Propor: “Como a razão, para Platão, nos ajuda a ver além das aparências e alcançar um conhecimento mais verdadeiro da realidade?”.Recapitulando e Próximos Passos (5 minutos): Resumir a aula sobre Platão e a Teoria das Ideias. Anunciar que na próxima aula investigaremos a realidade através de uma perspectiva diferente, com Aristóteles.DESCRIÇÃO DA AULA 03Parte inicial:Retomada e Pontes (10 minutos): Iniciar a aula relembrando a busca pela verdade de Platão. Introduzir Aristóteles, destacando sua contribuição para a Filosofia e sua preocupação em compreender a realidade a partir do mundo sensível, em oposição a Platão.Sondagem sobre “Causas” (10 minutos): Perguntar aos alunos: “Quando algo acontece, o que vocês procuram entender? A ‘causa’ de algo é sempre a mesma?”. “Como podemos entender a natureza das coisas ao nosso redor?”.Parte principal:Exposição sobre as Quatro Causas de Aristóteles (20 minutos): Apresentar e explicar detalhadamente as Quatro Causas de Aristóteles:Causa Material: Do que algo é feito (ex: madeira da mesa).Causa Formal: A forma ou essência de algo (ex: o projeto, a ideia de mesa).Causa Eficiente: Aquilo que produz ou move algo (ex: o carpinteiro que faz a mesa).Causa Final: O propósito ou objetivo de algo (ex: a mesa para apoiar objetos, para comer).Aplicação Prática e Discussão (15 minutos): Propor exemplos concretos do cotidiano e pedir aos alunos que identifiquem as Quatro Causas. Por exemplo, em uma semente que se torna árvore, quais seriam as quatro causas? Incentivar perguntas e esclarecer dúvidas.Parte final:Comparação e Síntese (15 minutos): Fazer uma breve comparação entre as metodologias de Platão (mundo das ideias) e Aristóteles (observação do mundo sensível) para a busca do conhecimento. Discutir a importância de se buscar as causas para entender a realidade.Atividade de Escrita (15 minutos): Propor: “Escolha um objeto ou um fenômeno natural e tente descrever suas Quatro Causas, segundo a perspectiva de Aristóteles.”Recapitulando e Próximos Passos (5 minutos): Resumir a aula sobre as Quatro Causas. Anunciar que na próxima aula aprofundaremos um aspecto fundamental da metafísica aristotélica: o Inamovível Movedor.DESCRIÇÃO DA AULA 04Parte inicial:Retomada e Questão Essencial (10 minutos): Iniciar a aula retomando as ideias de causa e movimento de Aristóteles. Lançar a pergunta central: “Se tudo que se move é movido por algo, e esse algo também precisa ser movido, há um primeiro ‘motor’ que não é movido por nada? O que seria isso?”.Sondagem sobre “Causa Primeira” (10 minutos): Perguntar aos alunos o que eles pensam sobre a origem do movimento no universo ou a causa primeira de todas as coisas. Anotar suas ideias.Parte principal:Exposição sobre o Primeiro Motor Imóvel de Aristóteles (20 minutos): Apresentar em detalhes a teoria do Primeiro Motor Imóvel (ou Inamovível Movedor) de Aristóteles, conforme desenvolvida na Metafísica. Explicar que ele é a causa final e eficiente de todo o movimento no universo, mas que ele próprio não se move. Discutir a natureza do Primeiro Motor como pensamento puro, que atrai o movimento por ser o objeto do desejo.Discussão sobre a Eternidade do Movimento e a Causa Primária (15 minutos): Promover um debate sobre a necessidade de uma causa primeira para explicar a existência contínua do movimento e da mudança no cosmos. “Como Aristóteles explica que o universo não é caótico, mas ordenado, mesmo sem uma criação inicial?”.Parte final:Debate Aprofundado (15 minutos): Dividir a turma em pequenos grupos para um debate sobre a existência de uma causa primeira para o universo. “Essa ideia de um ‘motor’ que não se move faz sentido para vocês? Por quê?”. “Quais são as implicações de se pensar em uma causa primeira para tudo?”.Atividade de Escrita Reflexiva (15 minutos): Propor: “Explique com suas palavras a ideia do Inamovível Movedor de Aristóteles e reflita sobre sua importância para a compreensão da realidade e do movimento.”Recapitulando e Próximos Passos (5 minutos): Resumir a aula sobre o Inamovível Movedor. Anunciar que na próxima aula faremos uma conexão direta com o pensamento religioso ocidental, investigando o Logos no Evangelho de João.DESCRIÇÃO DA AULA 05Parte inicial:Retomada de Conceitos-Chave (10 minutos): Iniciar a aula recapitulando brevemente o Logos de Heráclito (razão universal) e o Inamovível Movedor de Aristóteles (causa primeira do movimento). Anunciar que agora faremos uma ponte para o pensamento religioso ocidental.Sondagem sobre Textos Sagrados (10 minutos): Perguntar aos alunos se conhecem o Evangelho de João ou outros textos religiosos, e se já notaram alguma ideia filosófica presente neles. “Qual a importância da palavra, da razão, em textos religiosos?”.Parte principal:Leitura e Análise do Prólogo do Evangelho de João (20 minutos): Distribuir ou projetar o prólogo do Evangelho de João (João 1:1-5). Realizar uma leitura orientada, destacando a utilização do termo “Logos” (“Verbo”).Conexão Filosófico-Religiosa (15 minutos): Promover uma discussão detalhada sobre como o Evangelho de João utiliza o conceito de Logos e o associa à figura de Cristo. Traçar paralelos com as ideias filosóficas discutidas nas aulas anteriores, mostrando a possível influência do pensamento grego na construção de conceitos religiosos. Enfatizar a análise textual e conceitual, mantendo uma postura neutra e respeitosa às diferentes convicções.Parte final:Primeiras Impressões e Diálogo (15 minutos): Abrir um espaço para os alunos expressarem suas primeiras impressões e dúvidas sobre a relação entre o Logos filosófico e o Logos cristão. Incentivar o diálogo respeitoso.Atividade de Escrita Comparativa (15 minutos): Propor: “Compare o conceito de Logos em Heráclito com o conceito de Logos no prólogo do Evangelho de João, apontando semelhanças e diferenças.”Recapitulando e Próximos Passos (5 minutos): Resumir a aula sobre a conexão entre Logos filosófico e religioso. Anunciar que na próxima aula aprofundaremos a influência do pensamento grego no cristianismo.DESCRIÇÃO DA AULA 06Parte inicial:Retomada e Desafios (10 minutos): Iniciar a aula retomando a conexão entre o Logos filosófico e o Logos cristão do Evangelho de João. Lançar a pergunta: “Como as ideias filosóficas podem ter influenciado o desenvolvimento do pensamento religioso, e vice-versa?”.Sondagem sobre Razão e Fé (10 minutos): Perguntar aos alunos: “Vocês acham que razão e fé são opostas ou podem se complementar? De que forma?”.Parte principal:Aprofundando a Influência (20 minutos): Explorar como as ideias de ordem, razão universal e causa primeira (filosóficas) podem ter sido incorporadas ou dialogado com a construção do pensamento cristão primitivo. Discutir a ideia da encarnação do Logos como uma ponte entre o divino e o humano, e como isso pode ser compreendido filosoficamente.Outras Ressonâncias Filosóficas em Textos Bíblicos (15 minutos): Apresentar brevemente outros exemplos de ressonâncias entre filosofia e textos bíblicos (ex: a busca pela sabedoria nos livros sapienciais do Antigo Testamento, como Provérbios ou Eclesiastes, e como ela se alinha a uma busca filosófica pela compreensão da vida).Parte final:Debate: Complementaridade de Razão e Fé (15 minutos): Promover um debate em pequenos grupos: “Como a Filosofia e o pensamento religioso podem coexistir e, inclusive, enriquecer um ao outro na busca por sentido e conhecimento?”.Atividade de Escrita (15 minutos): Propor: “Quais são os benefícios de estudar filosofia para a compreensão de textos religiosos e para o desenvolvimento de uma visão de mundo mais ampla?”. Recapitulando e Próximos Passos (5 minutos): Resumir a aula sobre aprofundamento das conexões. Anunciar que nas próximas aulas exploraremos as implicações éticas desses estudos.DESCRIÇÃO DA AULA 07Parte inicial:Conexão com a Ética (10 minutos): Iniciar a aula estabelecendo a ponte entre as discussões metafísicas (Logos, Causa Primeira) e as questões éticas. “Se há uma ordem no universo, isso implica em uma forma ‘correta’ de viver? Como a Filosofia nos ajuda a viver uma ‘boa vida’?”.Sondagem sobre Moral e Ética (10 minutos): Perguntar aos alunos o que eles entendem por “ética” e “moral”. O que é uma “boa vida”? E de onde vêm os princípios que nos guiam?Parte principal:Ética na Filosofia Clássica (20 minutos): Revisar brevemente as éticas de Platão (virtude, justiça, a cidade ideal e a alma justa) e Aristóteles (eudaimonia – felicidade como bem supremo, virtude do meio). Apresentar exemplos práticos de como esses princípios poderiam ser aplicados.Princípios Éticos no Cristianismo (15 minutos): Apresentar princípios éticos centrais do cristianismo (ex: o amor ao próximo, os mandamentos, o sermão da montanha), destacando a ênfase na caridade, compaixão e justiça.Parte final:Debate: Ética Filosófica vs. Ética Religiosa (15 minutos): Promover um debate em grupos: “Quais são as semelhanças e diferenças entre os princípios éticos da filosofia clássica e do cristianismo? Como eles podem nos guiar na busca por uma ‘boa vida’ em sociedade?”.Atividade de Escrita Reflexiva (15 minutos): Propor: “Quais são os princípios éticos mais importantes para você, e como eles se relacionam com as ideias que estudamos em Filosofia e em textos religiosos?”.Recapitulando e Próximos Passos (5 minutos): Resumir a aula sobre ética. Anunciar que a próxima aula será de consolidação dos conhecimentos e abertura para novas perguntas.DESCRIÇÃO DA AULA 08Parte inicial:Revisão Geral e Contextualização (10 minutos): Iniciar a aula com uma revisão geral dos principais conceitos abordados ao longo das sete aulas: Logos (Heráclito, João), Inamovível Movedor (Aristóteles), Mundo das Ideias (Platão), e a relação entre Filosofia e pensamento religioso ocidental na busca por sentido e ética.Diálogo Aberto (10 minutos): Abrir um espaço para os alunos levantarem dúvidas, curiosidades ou tópicos que gostariam de revisitar.Parte principal:Discussão: A Importância do Diálogo Interdisciplinar (20 minutos): Conduzir uma discussão sobre a importância do diálogo entre diferentes áreas do saber (Filosofia, Religião, Ciências) para uma compreensão mais completa do mundo. Ressaltar o respeito às diferentes cosmovisões e o papel da Filosofia no desenvolvimento do pensamento crítico e da autonomia.Espaço para Reflexão Individual (15 minutos): Dar um tempo para que os alunos pensem sobre as principais aprendizagens que tiveram no módulo e como essas ideias se conectam com suas vidas.Parte final:Atividade de Escrita Reflexiva Final (15 minutos): Propor uma atividade de escrita mais elaborada: “Como o estudo da Filosofia Clássica e sua relação com o pensamento religioso ocidental contribuiu para a minha formação e compreensão do mundo, das minhas convicções e da diversidade de ideias existentes?”. Os textos podem ser coletados e servir como parte da avaliação formativa, a critério do professor titular.Fechamento e Agradecimentos (5 minutos): Fazer um breve resumo final do módulo, reforçando a importância do pensamento filosófico. Agradecer a participação e o engajamento dos alunos ao longo das aulas de docência.
  1. CONCLUSÃO

A presente experiência de estágio supervisionado em Filosofia, detalhada neste relatório, revelou-se um pilar fundamental para a formação docente, conforme preconiza o “Manual do estágio I – FILOSOFIA OU SOCIOLOGIA – 2ª Licenciatura e Formação pedagógica.docx”. A imersão no Colégio Estadual do Campo Ana Schelbauer Braz de Oliveira proporcionou uma vivência prática da realidade escolar, permitindo a articulação dos saberes teóricos com os desafios e as dinâmicas do cotidiano em sala de aula, tal como enfatizado por Pimenta e Lima (2012).

A estrutura do relatório, que abrange desde a caracterização da instituição e da clientela escolar até a descrição minuciosa dos ambientes e dos períodos de observação e docência, atende às exigências do manual. A análise dos conteúdos ministrados, das metodologias aplicadas e da receptividade dos alunos, especialmente durante a prática de docência com o tema do Logos e do inamovível movedor, demonstra uma compreensão aprofundada da responsabilidade pedagógica. A capacidade de adaptar o planejamento e de promover um diálogo enriquecedor entre a filosofia clássica e o pensamento religioso ocidental, sem proselitismo, reflete a flexibilidade e a sensibilidade necessárias ao ofício docente.

Em suma, o estágio cumpriu seu papel de validar, questionar e ressignificar os conhecimentos adquiridos na formação, promovendo uma reflexão contínua sobre a prática educativa e a realidade profissional. A experiência vivida, incluindo os momentos desafiadores que mobilizaram reflexões existenciais, reforça a importância da Filosofia como ferramenta para a compreensão do mundo e o desenvolvimento de uma inteligência crítica e sistêmica. O relatório final é um testemunho da dedicação e do compromisso com a formação ética e cidadã, reafirmando o papel transformador da educação e a relevância de uma prática pedagógica inovadora e sensível às realidades diversas dos estudantes

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