Texto Chave: Mateus 15:21-25: 21 E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom. 22 E eis que uma mulher cananeia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada. 23 Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. 24 E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. 25 Então, chegou ela e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me.
O desprezo e a indiferença têm sido sempre o gesto mais desconcertante na vida dos homens. Mesmo que não seja um desprezo total, um trato de indiferença fere fundo o coração.
Certo filho de família pobre foi ao Colégio estudar, a custa de muito sacrifício dos pais.
Seu pai era um lavrador. Sua mãe lavava roupas para ajudar a pagar as despesas do filho no Colégio.
Os anos se passaram e com eles o sentimento de gratidão do filho para com seus pais.
Veio o dia da formatura, depois de anos de estudos. O dia que era para ser o dia mais feliz para seus pais, tornou-se o dia mais triste e amargurado…por causa do desprezo e a indiferença que aquele filho demonstrou para com seus pais, de aparência humilde, rosto enrugado, mãos calejadas e pés empoeirados. Em vez de correr para abraça-los, desprezou-os friamente diante de novos amigos e colegas de formatura. Que tragédia!
O texto de Mateus fala de algo semelhante. Leia novamente. O texto se refere ao desprezo e indiferença dos discípulos para com uma mulher, uma pessoa sofredora.
A mulher cananeia, ou fenícia, era da região de Tiro e Sidom, por onde Jesus estava passando naquela ocasião.
Onde quer que haja alguém sofrendo, lá está Jesus para ajudar. Ele sempre marca presença na vida dos sofredores.
A mulher cananeia era mãe. Ninguém melhor para representar o amor de Deus. Depois do amor divino, o amor de mãe é, com toda certeza, o maior, o que tem de mais grandioso, de mais despretensioso e forte. Na terra sobrepuja todos. Mãe é aquele ser que vive para amar. Não importa se o filho é bom ou não, se é analfabeto ou culto, pobre ou rico, sé é uma autoridade ou se está preso. Mãe ama, protege e cuida do seu filho.
A mãe da nossa história tinha uma filha, vítima das garras do inimigo.
Jesus e os discípulos passavam e no caminho deles, ou melhor, atrás deles (v. 23) uma voz de desespero é ouvida.
O texto nos leva a entender que eles continuaram andando. Mas os gritos da mãe, o clamor do coração materno fizeram-se ouvir de longe.
O verso 22 apresenta de maneira patética o seu pedido de ajuda: “22 E eis que uma mulher cananeia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada.”
Esta mãe representa centenas e milhares que estão clamando por ajuda. Na verdade, essas pessoas estão presentes em todos os lugares. Muitos vivem, ou somente sobrevivem, ou vegetam, bem próximos a nós. As vezes ficam invisíveis aos nossos olhos, assim como aquela mulher aos discípulos.
Que o Senhor nos abra os olhos e ouvidos para vê-los e ouvi-los e o coração para ama-los. Pode ser uma família que esteja com problemas. Os problemas podem ser de ordem física, moral e espiritual.
Só Cristo pode soluciona-los. Para isso Ele chama e uso seus filhos e suas filhas. A igreja, os membros da igreja em seus diferentes ministérios são chamados a por-se no caminho para alcançar a atender essas almas necessitadas, clamando por socorro.
Aparentemente, seu clamor caiu no vazio. O verso 23 diz que Jesus silenciou-se. Nada respondeu. Dois motivos levaram Jesus a ficar em silêncio. O primeiro para provar a fé da mulher cananeia. O segundo, para que seus discípulos tivessem uma oportunidade de demonstrar seu amor pelos sofredores.
Como está a nossa fé e o nosso amor dentro do contexto acima? O lado triste da história é revelado na atitude dos seguidores de Cristo, seus discípulos, os membros de sua igreja. “E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós” Que atitude anticristã. Totalmente contrária aos ensinamentos de Cristo. Contrária a regra-áurea. Tiveram a ousadia de “rogar” a Jesus para que a “despedisse” e os deixassem em paz.
Jamais o pano do desprezo e da indiferença descerá sobre o grande e impressionante drama aí ocorrido. Demonstraram que não sentiam nenhum interesse pelo caso. Quanto desprezo. Quanta indiferença.
O que aconteceu então continua a acontecer hoje de maneira muito acentuada. Em todas as épocas, em todos os lugares, dentro e fora dos nossos lares, dentro e fora de nossas igrejas, o quadro se repete. O mundo é sempre o mesmo – o do desprezo dos homens.
O drama se repete, o da indiferença do ser humano.
O desprezo e a indiferença são frutos do jogo de interesses pessoais. Aos rogos dos discípulos Jesus deu uma resposta: “24 E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” Numa só frase: Ele foi enviado para salvar. Sua missão está aí descrita. O objetivo de sua missão está claro. Esta é a missão e este é o objetivo sagrado do ministério dos seus discípulos, de sua igreja.
“Senhor Socorre-me” explodiu em desespero a mulher depois de ter “adorado” o Salvador. Essa adoração corresponde ao reconhecimento de Cristo com Salvador e Senhor. Sim, o verdadeiro socorro só provém dEle.
É bem provável que haja pessoa bem próxima a você necessitando de socorro. Talvez você esteja necessitando desse socorro.
Por que não ir até Jesus?
Sempre há no universo uma mão que se move, um ouvido que ouve e um coração que sente.
O único remédio para o desprezo e a indiferença é deixar-se envolver pelo amor e espírito de Cristo e sair ao encontro dos que clamam. Que atitude tomaremos? Dos discípulos ou de Cristo? Do desprezo e da indiferença ou do amor e da misericórdia?
Sermão pregado na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Baraharas (Garuva/SC) em 5 de agosto de 1995, por Odette Maria Vieira, com base em texto publicado no Manual do Ministério Pessoal pela DSA do trimestre equivalente.