Estudar as cartas de Paulo é sempre esclarecedor para visualizar a compreensão filosófica e teológica do mundo antigo. Evidentemente não havia tal distinção de áreas e os pensadores interagiam entre si com seus conceitos diversos. Paulo surge como um elemento catalisador integrando a religião, filosofia e outros aspectos oriundos da busca humana pelo transcendente, espiritual. Na carta de Efésios é possível vislumbrar a retórica, o texto bem montado, a erudição do apóstolo. Parece-me, desde o princípio, que a produção da epístola não se trata da simples correspondência de um pastor a seus membros, nem amigos saudosos confraternizando. A carta é um tratado teológico, algo bem produzido dialeticamente, com finalidade na instrução ou mesmo a “normatização” de um ensino teológico sobre a incipiente igreja.
Como estudante dessa pós-graduação não versado nas línguas originais, foi surpreendente para mim a estrutura usada por Paulo, ao escrever uma longa frase (pg 1), como que para ser recitada, como a introdução de um texto complexo. Nesse texto/frase original o autor parece-me pretender chamar a atenção pela linguagem, em tom solene e batismal.
Um segundo ponto que quero citar como destaque ao meu estudo, trata-se do sentido dado ao termo predestinar (pg 3 e 8). Longe de permitir a interpretação da ausência da escolha humana, mais ainda, demonstra-se que Deus não apenas conhece o futuro, mas em sua plenitude interage com ele. Ou seja, Deus não está preso em sua onisciência, fadado a uma história em que ele mesmo já conheça o final.
Relevante também e citado rapidamente, a fim de cumprir o escopo desse exercício, coloco a construção da expressão “da glória da graça”(pg 4, 5, 6 e retornando na pg 8), demonstrando a capacidade divina de oferecer (riqueza, glória) graça (favor imerecido).
Obviamente há mais aspectos relevantes no texto estudado (eu gostaria de citar o “selamento”), entretanto, para essa tarefa, cumpre-se o destaque desses 3 pontos principais.