Programa Experimental da Escola Sabatina em Rio Negrinho

Observando e analisando o desempenho de nossa Escola Sabatina, tanto em termos de programação quanto a estatística, registrada no sistema da USB, avaliamos os projetos e programas estabelecidos ou em desenvolvimento na igreja e constatamos alguns itens preocupantes:

  • Há uma parcela considerável de membros batizados da igreja que não frequentam a Escola Sabatina, chegando apenas no horário do culto;
  • Mesmo membros assíduos na própria Escola Sabatina tem chegado atrasados, uma grande parcela chegando na igreja bem depois do início da lição;
  • Alguns oficiais responsáveis por funções na própria Escola Sabatina não cumprem totalmente suas obrigações, demonstrando um irresponsabilidade generalizada. Não obstante, todo o trabalho é realizado voluntariamente, impedindo que se cobre mais do que a pessoa se dispõe a fazer;
  • Mais agravante do que o cumprimento parcial das tarefas inerentes de cada função é a falta de frequência desses mesmos líderes, muitas vezes chegando atrasados ou faltando sem nenhum arranjo, deixando alunos e a direção da Escola Sabatina em situação embaraçosa;
  • Há um grande grupo de membros que possuem a lição, frequentam a igreja, mas não estudam diariamente. Ainda para piorar, mesmo dentre os que estudam, a maioria esmagadora realiza uma leitura superficial do texto da lição, sem qualquer aprofundamento ou aprendizado.
  • O programa da Escola Sabatina tem sido realizado em sistema de escala por unidades de ação. Normalmente isso implica em que a unidade escalada (as vezes somente seu professor) leia os textos do Programa Sugestivo publicado no Auxiliar Trimestral da Escola Sabatina, alongando o programa com leituras enfadonhas. Com essa observação não criticamos o material publicado em si, mas a leitura de textos em público, mesmo que bem feitas não atingem o resultado de um simples Bom Dia ou Feliz Sábado dito espontaneamente.
  • Cremos piamente que esse último item pode ser o principal causador do descaso considerado nos itens anteriores.

Ao realizar um trabalho de pesquisa com autores e psicólogos atuais sobre comportamento moderno (ou pós moderno ou hyper moderno, como quiser chamar), notamos que o ouvinte atual apresenta um ritmo mais dinâmico de participação e necessita sentir que a mensagem apresentada tem alguma serventia prática para si, ou alto potencial de entretenimento, do contrário será totalmente descartada de seu foco e atenção. Prova disso é que excelentes programas de televisão, filmes, peças teatrais ou mesmo aulas de faculdade com renomados professores duram menos ou, no máximo, um pouco mais de uma hora, apresentando uma abordagem direta e concisa, sem floreios, sem rodeios.

Ou seja, nosso público cansa de permanecer em um sábado duas a três horas sentado ouvindo uma programação sem vida, com leitura vazia e sem propósito.

Por incrível que pareça a programação do Culto de Adoração, mesmo com sua liturgia pouco flexível nos círculos adventistas tem demonstrado uma dinâmica melhor e mais atrativa que o programa da Escola Sabatina.

Enquanto buscávamos modelos ou alguma solução que atendesse essa necessidade, tivemos a oportunidade de ouvir o Pastor Harry Streithorst, secretário da Associação Norte Catarinense das Igrejas Adventistas do Sétimo Dia, quando pregou na própria igreja de Rio Negrinho e, em seu sermão, enfatizou justamente esse aspecto de uma sequência interminável, enfadonha e sem propósito da liturgia padrão dos cultos adventistas, que tem cada vez mais afastado pessoas da assiduidade da igreja, uma vez que assistir uma boa mensagem (conforme o gosto do ouvinte) é facilmente acessível através dos vários cultos transmitidos pela internet ou televisão. Assim, nosso ouvinte pode escolher o pregador, o horário e qual parte do sermão vai ouvir. Ainda pode fazer isso confortavelmente no sofá ou cama de sua casa, vestindo qualquer coisa que o deixe a vontade.

Essa análise me levou a buscar a essência desse ministério na Igreja Adventista e concluí que a Escola Sabatina terá cumprido seu propósito se possibilitar o Estudo Diário da Palavra de Deus e preparar seus participantes para o serviço missionário, envolvendo-os em qualquer dos vários projetos e ministérios da igreja.

Em suma, descobri que tudo e só o que importa da Escola Sabatina acontece, ou deve acontecer, dentro do momento chamado Atividades de Classe, com a igreja dividida em Unidades de Ação, quando um promotor missionário promove em seu grupo as atividades missionárias da igreja ou próprias do seus grupo e, em seguida, o professor conduz um estudo dirigido para o tema da lição da semana. O resto do programa são itens secundários e desnecessários, uma tentativa de ser atrativo, que muitas vezes traz efeito contrário.

Em busca de elaborar um cronograma mais eficiente, atingindo os objetivos primários, além de dinamizar e atingir o maior número de pessoas propomos e fixamos a partir de 5 de agosto de 2017 na Escola Sabatina da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Rio Negrinho o programa abaixo:

9h – Hino e Oração Inicial

9h5 Informativo Mundial das Missões

9h10 Atividades de Classe*

10h00 Encerramento**

* Atividades de Classe
compreendem o seguinte programa sugestivo:

  • Promoção Missionária e Registros → 15 min, sob responsabilidade do promotor missionário e secretário da unidade.
  • Confraternização e Estudo da Lição → 35 min, sob responsabilidade do professor/ancião;

** O Encerramento compreende a finalização das atividades de classe pelos próprios professores, com uma oração em unidade, não havendo mais nenhum programa realizado pela direção da Escola Sabatina ou Igreja. No horário designado inicia-se o Culto de Adoração, sem intervalo entre as partes do programa.

Observe-se que esse modelo faz a Escola Sabatina com uma hora de duração, 20 minutos menor do que o modelo tradicional. Em nossa proposta à comissão da igreja oferecemos algumas opções:

  1. Iniciar a Escola Sabatina 9h20, oferecendo um Momento de Louvor, conduzido pelo Ministério da Música no horário de 9h até 9h20. Esse modelo foi rejeitado porque incentivaria os membros a chegarem mais tarde, não participando, ou mesmo inviabilizando o Momento de Louvor;
  2. Iniciar o Culto de Adoração as 9h e realizar a Escola Sabatina após o culto, 10h20, finalizando a programação de sábado de manhã 11h20. Esse modelo também foi rejeitado em nossa igreja, mas pode ser aproveitado pelas congregações que já realizem o Culto de Adoração na parte inicial da programação;
  3. Iniciar a Escola Sabatina 9h, encerrando pontualmente 10h e realizar nesse espaço de tempo (10h até 10h20) um Momento de Louvor pelo Ministério da Música. Esse modelo foi rejeitado, dentre outros motivos, porque a experiência já demonstrou que preencher esse espaço com música é criar a impressão de que existe um longo intervalo, incentivando a irreverência;
  4. Iniciar a Escola Sabatina 9h, encerrando pontualmente 10h, iniciando já nesse momento o Culto de Adoração, o qual terminaria por volta das 11h20.

Esse último modelo agradou e foi aceito, com algumas adaptações na liturgia do Culto de Adoração, adotando a mesma filosofia de que “menos é mais”, o qual passou a realizar-se da seguinte forma:

  1. Uma vez que o encerramento da Escola Sabatina acontece internamente nas unidades, sendo finalizada com uma oração pelo professor, foi acordado que pontualmente 10h um grupo de louvor inicia um cântico de doxologia, sendo esse momento já o início oficialmente do Culto de Adoração;
  2. Enquanto a congregação canta a doxologia em pé, executada juntamente com os músicos escalados e seus instrumentos (sem playback), os componentes da plataforma e diáconos entram na nave da igreja, e reverentemente tomam seus lugares, permanecendo em pé;
  3. Neste momento o pregador, ocupando a posição central na plataforma executa a Oração de Invocação;
  4. Ao final da Oração de Invocação, todos se assentam e tem-se reverentemente, no contexto do Culto de Adoração, o espaço da Comunicação, sendo que todos os anúncios devem ser breves e executados pelo diretor ou responsável do Departamento Comunicação, sem abertura para anúncios privados de pessoas ou outros departamentos, os quais deveriam utilizar as mídias sociais e o boletim da igreja para detalhar mais, se necessário for, seus anúncios;
  5. Na sequência executa-se o vídeo do “Provai e Vede”, realiza-se o ofertório e o Momento de Adoração Infantil, canta-se um hino de consagração (congregação em pé), concluindo com uma oração de joelhos;
    • Foi eliminado itens de “perfumaria” desnecessária, como, por exemplo, os componentes da plataforma ajoelharem-se ao entrar, oração após a oferta, oração no Momento Infantil, hinos assentados, mensagem musical (a qual passa a ser responsabilidade do pregador), hino ajoelhados após a oração;
    • Embora em um primeiro momento pareça não apropriado eliminar as orações, entendemos que essas orações adicionais: silenciosa pelos participantes da plataforma, após a oferta ou no momento infantil não é realmente uma oração feita com a devoção devida, sendo normalmente repetida mecanicamente e alongando desnecessariamente a programação;
    • As músicas eliminadas apresentam a mesma característica, sendo repetidas mecanicamente ou simplesmente exibidas no telão com playback (com vocal) sendo tocado na igreja, onde pouquíssimas pessoas tomam parte, perdendo totalmente o propósito;
    • A oração no Momento de Adoração Infantil ficou como opcional, a critério do responsável, respeitando o tempo designado (6 minutos);
    • Após a exibição do vídeo do “Provai e Vede”, durante o ofertório, foi designado que o Ministério de Música irá prover uma escala de músicos para execução instrumental, eliminando o canto responsivo exibido no telão;
  6. Por volta de 10h25 toda a sequência acima já foi concluída e o pregador pode assumir, incluindo em seu contexto as Mensagens Musicais, se houverem e conforme julgar apropriado.
  7. Em busca da simplificação da programação, o convite a qualquer cantor, grupo, quarteto, etc passou a ser responsabilidade do próprio pregador. O Ancião do Mês, conforme seu critério, pode convidar um cantor, quarteto ou grupo ser(em) o(s) próprio(s) responsável(is) pela pregação do dia.

Todas essas medidas acabaram por melhorar a disponibilidade para a mensagem principal do pregador, que tinha uma melhor flexibilidade no tempo de execução do seu sermão e ainda consegue finalizar por volta das 11h20, sem correrias ou cortes.

Neste caso, vimos um efeito cascata de ações tomadas na Escola Sabatina que influenciaram toda a dinâmica da programação de sábado, alterando para melhor o funcionamento de partes de outros ministérios da igreja, como, exemplo, a comunicação e o ministério da criança com seu momento de adoração infantil.

Bem, voltando ao motivo principal desse texto, analisar e propor melhorias no programa da Escola Sabatina, temos ainda a comentar:

  1. A abertura do programa continuou sendo feita em rodízio pelas unidades de ação, mas não há leitura (na verdade eu escondi os auxiliares). O responsável dá as boas vindas bem informalmente e anuncia o hino que escolheu. Após ser cantado (em pé, pela congregação) ele próprio ou outra pessoa designada de sua classe faz a oração inicial (de joelhos);
  2. Em passo imediato, sem qualquer anúncio nem leitura, é exibido o Informativo Mundial das Missões em vídeo, salvo no 13º sábado do trimestre. O Informativo Mundial das Missões é uma parte integrante oficialmente do programa da Escola Sabatina que será discutido em analise posterior;
  3. Assim que o vídeo termina é exibido um cronometro no telão programado para zerar 9h25  junto um aviso dizendo: ATIVIDADES DE CLASSE – Momento do Promotor Missionário. Algumas vezes incluíamos algum slide alusivo as tarefas que deveriam ser executados nesse momento em determinado dia (por exemplo: discutir a execução da RECOLTA; organizar o envolvimento da unidade no IMPACTO ESPERANÇA, etc);
    • Para evitar que os professores assumissem suas classes antes da hora, retiramos os professores da classe, colocando-os reunidos em outro ambiente, onde nestes 15 minutos executavam sua (mini) classe dos professores;
    • Promotores foram orientados a sempre manter diálogo com o(a) secretário(a) de sua unidade e nesse momento discutir o que julgassem necessário;
    • Semanalmente o Diretor do Ministério Pessoal encaminha um texto (via whatsapp) informando as tarefas específicas dos promotores naquela semana;
    • Semanalmente, por um projeto intitulado “Folhas do Outono” cada membro foi incentivado a levar 10 unidades de alguma literatura a fim de distribuir ao público de alguma forma. O material para a execução desse projeto é entregue no começo da Escola Sabatina ao promotor que deverá entregar aos membros durante sua discussão;
    • A chamada e demais registros da secretaria podem ser realizados nesse momento. Em nossa igreja isso teve um pequeno ajuste que será analisado posterior;
  4. Pontualmente 9h25 (utilizamos um programa de computador para isso) soa um aviso sonoro com anúncio do início da lição;
    • Um cronometro é exibido no telão (frente e fundos) programado para zerar 10h;
    • Os professores se dirigem as suas respectivas classes e recapitulam o estudo da semana;
    • 9h55 soa um aviso sonoro “cinco minutos para o término da lição”;
    • 9h59 soa outro aviso sonoro: “um minuto para o término da lição e inicia uma suave música instrumental que se encerra 10h, quando a equipe do Culto de Adoração já deve estar posicionada;
    • Professores são constantemente lembrados que devem encerrar seus estudos em classe com uma oração.

A despeito de todo o empenho, a execução desse projeto não foi totalmente isento de problemas, os quais discutiremos um a um em postagens posteriores. Mas fazendo uma avaliação geral o desempenho como um todo melhorou muito, sobretudo em número de participantes e pessoas recebendo estudos bíblicos, facilmente constatados via dados estatísticos registrados no sistema, além do próprio envolvimento geral dos membros com a igreja.

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