“Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos.” (Lucas 17:27, RCF)
Os pecados apontados como causadores do juízo divino do Dilúvio eram a licenciosidade, a sensualidade e a glutonaria desenfreada. Não creio que esses pecados em si tenham causado a ira de Deus. Mas essas atitudes revelam uma busca desenfreada pelo prazer. Dos pecados capitais esses dois são exemplos categóricos do endeusamento do ego, levando a viver pelo prazer, pelo sentimento. Um vício em sensações, que os psiquiatras apontam para uma enxurrada de dopamina, adrenalina e outros componentes químicos no cérebro, que podem viciar tanto quanto as drogas ilícitas.
Os antediluvianos também julgavam-se acima de qualquer juízo divino. Haviam aprendido a conviver com a presença da morte e tinham um longevidade invejável para a humanidade de hoje. Julgavam que a morte era até um preço aceitável pelo oportunidade de viver os prazeres na carne. Prazeres esses corrompidos pela libertinagem, pela gula, pela violência. Talvez tenham apregoado que a morte era uma passagem para uma outra dimensão, na vida após a morte, assim como a serpente havia dito no Éden: “…Certamente não morrereis.” (Gênesis 3:4, segunda parte, RCF) e como tem feito desde então, contrariando a sentença divina de que a máquina humana precise buscar vida na fonte, no único que pode conceder a vida.
O Anjo caído exultava. Conseguira desviar uma criatura inteligente da presença divina. E agora toda a sua descendência, toda a sua raça ia longe no anseio de guiar seu próprio caminho, no anseio de traçar sua trajetória com base em si mesmos, no seu próprio ego. Apenas um homem e sua família permaneciam na busca da redenção, na recuperação da antiga condição de inocência e perfeição.
Não só a humanidade estava em ruínas, mas toda a criação sofria as consequências do mal. Grandes criaturas outrora pacíficas passaram a ser cruéis predadores, ameaçando outras criaturas e ferindo dolorosamente o Criador. “Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração.” (Gênesis 6:6, RCF). O causador da queda, Satanás, imaginava que naquele momento sua vitória estava garantida, pois mesmo a família de Noé não permaneceria fiel por mais do que uma geração, ou se houvesse oportunidade buscaria destruir-lhes a vida e aniquilar-lhes a posteridade. Não se importava se a raça humana destruísse esse planeta e se auto-destruísse em seguida. Importava mostrar para o pai que uma raça inteira de seres inteligentes criados haviam preferido estar longe dEle.
Deus interferiu na estrutura que havia preparado para a criação deste mundo, causando alterações nas condições físicas a ponto de causar uma catástrofe aniquiladora e destruidora. Selecionou quais animais deveriam ser mantidos e trouxe-os para a Arca, para o instrumento de livramento que instruiu seu fiel servo a construir. Durante 120 anos Noé pregara a mensagem de juízo e de libertação. Toda a sua geração teve a chance de ouvir a mensagem. Nenhum deles poderia alegar que não ouvira a advertência. Mas abertamente decidiram por seguir seu próprio caminho.
Veio enfim o juízo e destruiu a todos, exceto Noé e sua família que estava na Arca.
O mundo após o dilúvio estava mudado. A forma física havia sido modificada. Muitos animais e plantas não mais existiam. Tornaram-se fósseis. Imensas florestas haviam sido sepultadas e tornaram-se nos depósitos de carvão e petróleo que consumimos hoje. A condição de vida foi alterada e logo vemos a expectativa de vida humana cair para menos de 100 anos e depois menos ainda. O vigor e saúde tornaram-se frágeis. Tornamo-nos frágeis e ignorantes com a finalidade de que o mal não prevalecesse indefinidade.Como resultado da vida curta, o intelecto humano diminuiu.
Deus não poderia transformar a vida daquela família para que não tivessem mais propensão ao pecado sem com isso interferir na lei da liberdade que Ele havia instituído. Se o fizesse Satanás teria sido declarado vitorioso. O homem havia escolhido estar longe de Deus, desligado da fonte de vida. A consequência inevitável era a morte. Somente a morte de um inocente poderia redimir a raça humana sem ferir o amor de Deus e a justiça necessária. Ainda não era o momento.
“E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem.” (Mateus 24:37-39, RCF)
Desde que podemos contar a história humana nunca houve tantas fontes de prazer, de fortes emoções como na atualidade. Nosso cérebro é bombardeado com todas as sensações possíveis e estímulos diversos, a maioria deles de senso libidinoso e sensual. A quase 200 anos temos pregado a advertência de juízo e redenção, mas poucos são os que a ouvem. A profecia está encontrando seu cumprimento. É tempo de estar prontos para ver o seu cumprimento.