Sai da Tua Terra – Gênesis 11 – 12

Abraão, ainda Abrão, vem de uma linhagem de homens que mantiveram a comunhão com o Senhor e a verdade, mesmo que de forma débil, desde os dias de Noé. Logo após a reocupação da terra após o Dilúvio, a pequena porção da humanidade de então, confrontou-se com sua fragilidade. Perceberam serem criaturas frágeis e que facilmente poderiam ser exterminados da terra. Tinham uma impressão bem diferente dos antediluvianos, entretanto, mais real. Um grupo logo tentou criar uma solução plausível e humanamente bem coerente, de unir a humanidade em torno de uma cidade, de um aglomerado “urbano” e protegido. Essa alternativa aparentemente interessante não cumpria com o propósito de Deus e contribuiria para que a iniquidade que trouxe a maldição do Dilúvio tornasse e com força maior.
Tal era o perigo do que estava sendo executado que “… o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro. Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade. Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a língua de toda  a terra, e dali os espalhou o Senhor sobre a face de toda a terra. (Gênesis 11:6-9, RCF)
A confusão das línguas em grupos (ou os troncos principais dos grupos linguísticos e etnias do mundo) criou uma situação que espalhou a humanidade por todo o globo terrestre. Ainda assim, pouco a pouco os homens foram abandonando sua crença em Deus e criando versões próprias misturadas a lendas e fábulas. A expectativa de vida muito mais curta e o vigor humano definhando, a lembrança do juízo divino, mesmo que misturada a fábulas e versões divergentes, contribuíram para que ocorresse uma mudança no intelecto humano. Os poucos descendentes de Noé que mantinham o vigor, força e intelecto fizeram-se reis e déspotas, colocando-se como deuses e criando suas próprias versões do passado para confirmar-lhes o direito divino de poder. Poucos eram os que observavam ou tentavam manter-se fieis aos princípios divinos e a verdadeira história da humanidade.
Entretanto, espalhados pelo mundo, o Senhor mantinha e fortificada aqueles que buscavam a sabedoria em sua fonte. A Providência compreendia que precisava manter uma relação mais direta com uma dessas famílias e criar um ambiente onde essa humanidade que vivia de forma tão mais superficial pudesse compreender os seus desígnios e manter acesa a fé até a vinda do Salvador.
Entre os fieis encontrava-se a família de Terá e alguns de seus filhos. Dentre esses o Senhor buscou a quem mais anelava a Sua presença e quem mais sentia falta do contato divino: Abrão e sua esposa Sara.
Para manter acesa a chama, algo drástico precisa ser feito: Abrão tinha que sair da próspera e corrupta terra da Mesopotâmia e se fazer forasteiro em um destino desconhecido, totalmente guiado por Deus. É um pacto de fé. A família de Abrão tenta dissuadi-lo. Eles eram prósperos e ricos. Moravam numa região fértil e avançada intelectualmente. Era o berço da civilização da era pós-diluviana. Ele partiria sem destino, sem certeza do pão do dia seguinte, para uma terra hostil, que provavelmente não receberia bem um forasteiro com interesse em estabelecer-se.
Havia ainda uma região fértil e próspera no Nilo, mas lá eram subjugados por um homem que se intitulava faraó, descendente dos deuses, levando a idolatria como política a fim de possibilitar a dominação.
Na região da palestina, ligado ao grande e também próspero império hitita, havia o povo de Canaã. Uma região igualmente fértil e importante comercialmente, com várias cidades-estados que devido a sua prosperidade passaram a um modo de vida excessivamente mundano, libidinoso, sensual e perverso.
Era esse o local escolhido por Deus para abrigar o grupo que deveria brilhar entre os povos. Uma importante rota de comércio, possibilitando a influência religiosa e cultural desse povo fosse como luz para todo o mundo.
Abrão, depois mudado para Abraão, não foi chamado apenas para se tornar uma grande nação, ou tomar posse da terra que lhe foi prometida. Na verdade, ele nunca viu o cumprimento dessas promessas.
Abraão foi chamado para ser luz. Enquanto ia de um a outro lugar, passando por Canaã, pelo Egito, entre os reinos estabelecidos, pode testemunhar do Criador, da sua fé, do Deus não punitivo, mas Redentor. Era uma luz que precisava ser mostrada ao mundo. Em uma geração, várias civilizações que acendiam ao poder puderam encontrar esse baluarte de Jeová e testemunhar do amor de Deus através dele. Com ele seguiram seu pai e seu sobrinho Ló, que juntos formavam um grupo forte e coeso, suficiente para chamar a atenção como um povo nômade de respeito. No caminho encontraram povos perniciosos, entregues na busca dos prazeres mundanos, como os cananeus, os filisteus, os egípcios, levados para dentro dos palácios, a presença dos reis e senhores dessas terras, testemunharam dAquele que é a fonte da verdadeira felicidade, dAquele que era verdadeiramente digno de adoração.
Deus te chama hoje a sair desse mundo pervertido e ser forasteiro. Forasteiro levando luz, levando fé, levando a verdade. Como um filho de Abraão na fé, aceite o chamado divino e “Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12:1-3, RCF)

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