Um Sacrifício Vivo – Gênesis 22

Deus dá uma ordem surpreendente a Abraão: “Prosseguiu Deus: Toma agora teu filho; o teu único filho, Isaque, a quem amas; vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te hei de mostrar.” (Gênesis 22:2, AR)

Essa história tem algumas características peculiares bastante estranhas e curiosas:
  1. Era comum na antiguidade a oferta de sacrifícios humanos. Era considerada uma forma de apaziguar os deuses. Ofereciam-se inimigos de guerra como uma gratificação pela vitória e um pedido por boas colheitas e prosperidade. Ofereciam-se crianças, os próprios filhos, como uma oferta extrema, uma forma de apaziguar a ira dos deuses, demonstrando que a adoração a esse determinado deus era mais importante do que a própria família.
  2. O Deus de Abraão não aprova tais práticas. Apesar de a Bíblia não ter nenhuma referência a sacrifícios humanos antes dessa história, é conhecido pela história e pela arqueologia que ocorriam sacrifícios humanos como uma prática bastante comum na região da Palestina. Apesar de existir um corrente de pensamento, principalmente como argumentação ateísta, a Bíblia não traz nenhuma evidência da prática por hebreus, a não ser quando estão envolvidos com adoração de deuses pagãos. (O voto de Jefté é uma exceção e será analisado ao chegarmos a esse texto). Alguns texto que falam da consagração dos primogênitos devem ser entendidos como dedicação de cunho religioso, uma dedicação de vida, e não de morte. Exemplos disso temos nas histórias de Sansão e Samuel, ambos com sua vida dedicada ao Senhor, não como holocausto.
  3. Abraão compreendia seu Deus como um Deus benigno e sabia que o sacrifício de Isaque não lhe era pedido para aplacar-lhe a ira, tal como os cananeus o praticavam. Ademais, Abraão tinha plena consciência que a promessa de que seria pai de uma grande nação envolvia a vida de Isaque, portanto, sacrificar-lhe era ir contra as orientações anteriores do próprio Deus.
  4. Apesar de todas essas considerações, Abraão tinha tal intimidade em sua relação com Deus que sabia tratar-se da voz de Deus, ordenando-lhe o sacrifício de seu único filho legítimo, portador da herança.
 Abraão, ao reconhecer a autenticidade da ordem divina demonstrou sua fé de que Deus cumpriria seus desígnios de alguma forma. Preferiu entregar-se a direção divina e não criar soluções humanas como havia feito de maneira tão catastrófica anteriormente.
Durante doze anos havia criado uma afeição muito grande a seu filho. Desde seu nascimento passou a ser a ocupação quase total do seu tempo, de sua dedicação e de seus pensamentos. Sua felicidade consistia em poder dar tudo o que estivesse ao seu alcance ao querido filho. Ensinara-lhe muito bem a vida que levava. Ensinara-lhe a liderar seu povo, como o patriarca que viria a ser, portador de toda a herança religiosa. Ensinara-lhe a lidar com questões políticas com a vizinhança enquanto peregrinos. Ensinara-lhe dedicadamente sobre Deus Criador e Redentor.
Mas ainda havia uma lição importante que ambos precisavam aprender: abnegação e submissão total a Deus. Algumas vezes Abraão tinha tentado resolver as coisas pra Deus e agora Deus lhe dá uma oportunidade para argumentar com Ele. Abraão podia afirmar que a ordem era uma incoerência. Como viria o Libertador se não houvesse um povo para o receber? Como poderia testemunhar de um Deus benigno, quando esse exigira o único filho como sacrifício?
Nada disso importara agora para Abraão. A confiança e a firme fé estabelecida nAquele que cumpre suas promessas garantiam-lhe que Deus já tinha providenciado tudo que tivesse que ocorrer.
Ao levar seu filho para o monte Moriá, onde seria erguido o altar, pode compreender plenamente a atitude de amor de Deus ao prover a Redenção por meio do sacrifício de Seu filho.
Isaque também havia decidido ser fiel a Deus e prontamente ofereceu-se. Deitou-se sobre o altar e com lágrimas nos olhos deve ter aguardado enquanto Abraão fazia os últimos preparativos.
Enfim, a prova havia sido concluída. Abraão e Isaque havia provado para o mundo que a fé é superior a qualquer lógica humana. A obediência a Deus é a melhor maneira de servir-lhe. Entregar-lhe a vida. Fazer um sacrifício vivo. “E, estendendo a mão, pegou no cutelo para imolar a seu filho. Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde o céu, e disse: Abraão, Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui. 
Então disse o anjo: Não estendas a mão sobre o mancebo, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, o teu único filho.
Nisso levantou Abraão os olhos e olhou, e eis atrás de si um carneiro embaraçado pelos chifres no mato; e foi Abraão, tomou o carneiro e o ofereceu em holocausto em lugar de seu filho.” Gênesis 22:10-13, AR).
Deus não nos pede um sacrifício de sangue. O preço de sangue do pecado já foi pago. Deus pede um Sacrifício Vivo. Um sacrifício tal qual o que foi feito naquele dia por Abraão e Isaque. Uma vida de devoção, de entrega total.
Está disposto a dedicar sua vida ao Senhor e viver todos os dias em obediência a Ele?
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